Os dados do Mapa de Empresas do Ministério da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte destacam no seu último boletim publicado, a dimensão dos desafios e riscos em empreender no Brasil atualmente.
O relatório aponta que quatro empresas fecharam por minuto no Brasil no ano de 2023.
Foram abertas 3.868.687 empresas, representando um aumento de 0,7% em relação a 2022. Em contrapartida, 2.153.840 empresas encerraram suas atividades, um aumento de 25,7% em relação ao ano anterior. O saldo resultante foi de 1.714.847 empresas, 19,5% menor em comparação com 2022.
Para compreender essa realidade, é crucial não apenas analisar os fatores internos e as deficiências na gestão do negócio, mas também identificar como as políticas públicas e o ambiente influenciam esses resultados.
Ao confrontar esses dados com estudos mais recentes do Sebrae, realizados em 2022, observamos que 29% dos microempreendedores individuais, 21,6% das microempresas e 17% das empresas de pequeno porte encerraram suas atividades nos primeiros cinco anos. A maioria dessas empresas que não perdura é formada por empreendedores que iniciam seus negócios por necessidades urgentes ou circunstâncias de sobrevivência, em oposição a uma escolha voluntária e estratégica de empreender.
Segundo o relatório de pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022, o empreendedorismo por necessidade atingiu 47,3% das empresas abertas no Brasil. Há estatísticas suficientes para alertar o empreendedor iniciante de que o primeiro obstáculo para o sucesso de um negócio é o montante de recursos necessário para a abertura da empresa, tanto para investimentos nas atividades operativas quanto para o fluxo de caixa dos primeiros meses de atividade. O amadorismo e a ausência de um plano de ação para a operação a médio prazo comprometem frequentemente a viabilidade dos negócios.
Portanto, é imperativo que medidas urgentes e imediatas sejam implementadas pelos formuladores de políticas públicas para combater esse fechamento precoce de empresas, que não apenas resulta no fracasso de projetos, mas também na perda de capital, frequentemente proveniente de poupança familiar, endividamento bancário e todas as implicações legais, além do desemprego ou da perda da ocupação profissional.
Para enfrentar esses problemas, que geram além dos efeitos econômicos um enorme impacto social, é necessário vincular nos programas que apoiam o empreendedorismo e a formalização de empresas, alerta para os riscos de abrir uma empresa sem atender a critérios mínimos de viabilidade técnica, econômica, financeira e mercadológica antes da decisão de registro e formalização.
Em resumo, a elevada mortalidade de empresas no Brasil exige uma proposta de solução mais arrojada. A relação entre políticas públicas, ambiente de negócios e escolhas e preparo dos empreendedores é crucial. Medidas urgentes são necessárias, não apenas abordando questões financeiras, mas também promovendo conscientização e preparação adequada dos futuros empreendedores. A criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo, aliada à educação preventiva, pode ser a chave para reverter as estatísticas preocupantes e promover sustentabilidade e sucesso a longo prazo.
* Consultor e especialista em estratégia e projetos de inovação e desenvolvimento de novos modelos de negócios em empresas e organizações. Sócio-Diretor da MADI CONSULTORIA.